A Inteligência Artificial Generativa, ou GenAI, pode ser definida como uma categoria de modelos e instrumentos de Inteligência Artificial (AI) que possibilita a criação de conteúdo original e inédito. Essa tecnologia se estrutura em algoritmos de Machine Learning (ML) treinados por meio de imensos conjuntos de dados — e tem sido amplamente utilizada para criar imagens, vídeos, músicas, voz, planilhas, gráficos e códigos, entre outras aplicações.

GenAI: Uma tecnologia transformadora

É interessante destacar que, com o lançamento do ChatGPT (IA Generativa desenvolvida pela OpenAI no final de 2022, o hype dessa tecnologia foi catapultado à estratosfera, transformando todo o mercado. Em âmbito global, estima-se que as tais soluções captaram mais de US$ 17,4 bilhões entre janeiro e setembro de 2023, segundo o CB Insights — e esse valor, ressalte-se, equivale a 1,6 vezes todo o investimento em startups relacionadas a essa inovação entre 2019 e 2022.

E a consultoria Gartner, por sua vez, estima que mais de 80% das empresas usarão APIs e modelos GenAI até 2026 — ou implementarão aplicativos habilitados para a tecnologia em ambientes de produção. Todavia, nem tudo são flores, e o avanço vertiginoso da Inteligência Artificial Generativa tem levantado diversas questões. É o caso da polêmica acerca da utilização de conteúdo protegido por leis de direitos autorais para treinar chatbots, que tem originado processos judiciais ao redor do mundo.

AI Generativa: Controvérsias e regulamentação à vista

A ação mais emblemática nesse sentido é o do The New York Times contra a OpenAI e a Microsoft (que desenvolveu a IA Generativa Copilot). O lendário periódico norte-americano alega que foram utilizados, indevidamente, trechos exatos de seu conteúdo — e pleiteia, assim, uma reparação financeira bilionária das duas empresas. Além disso, exige que destruam todos os modelos de chatbot e dados de treinamento que utilizem material protegido por direitos autorais do jornal.

Mas há luz no fim do túnel — e a expectativa é que, este ano, algumas políticas de regulamentação se concretizem em vários países. Por exemplo, a União Europeia (uma das primeiras regiões obter progressos significativos quanto à aprovação de uma lei para regulamentar a implementação e o desenvolvimento da tecnologia), por meio da EU AI Act, (“Lei de IA da UE”), proposta em abril de 2023. Além disso, países como EUA, Canadá, China e Brasil, entre outros, também vêm trabalhando para criar leis que reduzam os riscos provenientes da expansão da Inteligência Artificial.  

Tendências da Inteligência Artificial Generativa para ficar de olho

Controvérsias à parte, o fato é que as principais tendências da GenAI para 2024 (e além) apontam para o desenvolvimento contínuo e evolução dessa tecnologia em diversas frentes. Conheça algumas delas:

  • Democratização do Acesso

A GenAI se tornará cada vez mais acessível para usuários que não sejam técnicos, graças a interfaces simplificadas e integrações em plataformas populares.

  • Mais qualidade e diversidade de conteúdo

O desenvolvimento contínuo dos modelos de IA aprimorarão a qualidade, exatidão e diversidade dos conteúdos gerados. A expectativa, portanto, é que as versões futuras se adaptem melhor a contextos específicos e, desse modo, produzam resultados mais refinados e precisos.

  • Ética e regulamentação

Como já dissemos, diversos governos e organizações internacionais têm trabalhado para estabelecer normas quanto ao uso ético da GenAI — principalmente quanto à privacidade, segurança, transparência, métodos de treinamento, procedência dos dados e direitos autorais.

  • Integração com outras tecnologias

A GenAI será cada vez mais integrada com outras tecnologias emergentes, como realidade aumentada (RA), realidade virtual (RV), e Internet das Coisas (IoT). Tais combinações abrirão novas possibilidades para aplicações inovadoras — como, por exemplo, ambientes de RA e RV alimentados por conteúdo gerado dinamicamente pela IA.

  • Aplicações mais profundas em diversos setores

Espera-se que diversos setores se beneficiem de aplicações ainda mais profundas da Inteligência Artificial Generativa. É o caso, por exemplo, da área de saúde, na qual modelos generativos podem ser utilizados para criar simulações de procedimentos médicos e até mesmo modelos personalizados de tratamento.

  • IA com capacidade de autoaprendizagem

Os avanços em Machine Learning possibilitarão que, além de executarem tarefas, os sistemas de GenAI aprendam e se adaptem sob diversos aspectos de modo mais autônomo — e que, com o tempo, dependam cada vez menos de intervenção humana direta.

  • Interatividade e UX

As plataformas de GenAI estão evoluindo para se tornarem mais interativas, permitindo que os usuários participem ativamente do refinamento dos resultados por meio de sucessivas iterações. Tal processo, ressalte-se, pode envolver feedbacks em tempo real e ajustes nos parâmetros dos sistemas para proporcionar mais e melhores resultados.

Conclusão: o futuro é irrefreável

Um estudo conduzido pela Salesforce indica que 49% da população em geral já usa GenAI — e esse é um caminho do qual não há retorno. No entanto, à medida que tais sistemas expandem os horizontes da inovação, deve-se considerar o surgimento de novos e significativos desafios — como a desproporção entre a rapidez da evolução tecnológica e a morosidade na adaptação da legislação. Sob tal cenário, compreender que o desenvolvimento e a implementação da IA devem ser orientados por regulamentações sólidas e cristalinas é condição basilar para assegurar sua utilização de maneira ética, responsável e consciente.