A automação desempenha um papel fundamental no mundo dos negócios ao permitir a otimização de operações, além de reduzir custos e melhorar a eficiência em organizações de todos os segmentos. A hiperautomação, entretanto, amplia significativamente essa abordagem ao integrar tecnologias de ponta para automatizar não apenas processos simples, mas também os que envolvem tomadas de decisões e análises complexas, maximizando o potencial das operações em um ambiente empresarial altamente eficiente e conectado.

Automação e hiperautomação: qual é a diferença, afinal?

Aqui é importante observar que automação de processos pode ser definida como a implementação de tecnologias digitais para automatizar etapas específicas de fluxos de trabalho, muitas vezes com foco em uma única operação (como a integração de sistemas, por exemplo). A hiperautomação, porém, incorpora múltiplos processos de maneira simultânea e abrange diversas áreas operacionais, promovendo sinergia entre departamentos por meio de automação integrada e escalável.

Pilares da hiperautomação

A hiperautomação opera por meio da integração de diversas tecnologias como RPA (Robotic Process Automation), IA, ML (Machine Learning), LCNC (Low-Code/No-Code) e Process Mining, entre outras:

  • RPA

O RPA (Robotic Process Automation) possibilita a automatização de tarefas repetitivas que seguem regras definidas, — ou melhor, que exigem sempre a mesma sequência de ações — por meio de programas de software chamados “robôs”. Esses robôs são, na verdade, scripts de computador programados para executar tarefas como inserir dados em sistemas, processar transações e gerenciar e-mails. Vale destacar que o RPA é especialmente útil em tarefas que envolvem grandes volumes de dados, cuja execução manual levaria muito tempo e esforço.

  • IA e ML

A IA e o ML permitem que as máquinas aprendam e se adaptem ao longo do tempo. Enquanto o RPA automatiza tarefas baseadas em regras, essas tecnologias permitem que as organizações automatizem processos que envolvem tomadas de decisões mais complexas. Os sistemas podem, assim, analisar grandes volumes de dados, identificar padrões e fazer previsões que orientem as operações de maneira mais estratégica.

  • LCNC (low-code, no-code)

As plataformas LCNC são cruciais para a implementação da abordagem, uma vez que aceleram o desenvolvimento de soluções automatizadas ao permitir que os usuários criem fluxos de trabalho sem depender totalmente de equipes técnicas. Enquanto o Low-Code requer conhecimentos básicos para inserir códigos customizados e aumentar a funcionalidade dos processos automatizados, o No-Code leva isso a um nível ainda mais acessível, permitindo que qualquer pessoa desenvolva automações por meio de interfaces visuais intuitivas ao arrastar e soltar blocos de funções pré-programadas. Ou seja, a integração de LCNC a tecnologias como RPA, IA e ML viabiliza a automatização processos complexos sem depender exclusivamente de equipes de TI, obtendo mais escalabilidade e rapidez na adoção da hiperautomação.

  • Process Mining

O Process Mining mapeia, analisa e compreende o funcionamento dos processos em uma empresa com base em dados reais. Ao examinar minuciosamente os registros gerados pelos sistemas, essa tecnologia é capaz de identificar gargalos, ineficiências e desvios nos fluxos de trabalho, proporcionando uma visão clara e precisa do funcionamento atual da organização. Trata-se, portanto, de um valioso instrumento estratégico, uma vez que detecta as áreas nas quais a automação pode ser aplicada de maneira mais eficaz.

  • Análise avançada e automação cognitiva

A análise avançadae a automação cognitiva permitem que as máquinas entendam e interpretem dados não estruturados como documentos, imagens, verificações de conformidade e até linguagem natural, por meio de tecnologias como NLP (Natural Language Processing, ou processamento de linguagem natural) e reconhecimento de imagens, expandindo significativamente o escopo da automação. Por meio dessa capacidade, os sistemas podem interpretar nuances e variações nos dados, realizando tarefas com um nível de compreensão semelhante ao dos humanos. Vale ressaltar que, quando integrados a tecnologias como IA e ML, os sistemas de análise cognitiva vão além da simples execução de tarefas automatizadas, já que aprendem constantemente com os dados e aprimoram suas decisões ao longo do tempo.

  • Chatbots e assistentes virtuais

Outro aspecto crucial da hiperautomação é a interação com clientes e funcionários por meio de chatbots e assistentes virtuais. Tais sistemas são impulsionados por IA e NLP e podem automatizar a comunicação, além de fornecerem respostas rápidas e personalizadas, aprimorando consideravelmente a experiência do cliente e resolvendo problemas complexos sem intervenção humana.

Vantagens & benefícios da hiperautomação

Do aumento da eficiência operacional à capacidade de criar novos modelos de negócio, a hiperautomação proporciona grandes de benefícios para organizações em todos os setores. Por exemplo:

  • Mais eficiência

Com a automatização de tarefas repetitivas com base em regras, é possível agregar valor às operações da empresa ao reduzir consideravelmente o tempo utilizado para executar atividades manuais, liberando colaboradores para se dedicarem a tarefas mais estratégicas como inovação e melhoria de produtos, entre outras.

  • Redução de erros e falhas humanas

A padronização dos processos automatizados reduz drasticamente a possibilidade de erros e falhas humanas — aspecto essencial em áreas que exigem precisão máxima como finanças e atendimento ao cliente, entre outras.

  • Tomada de decisão baseada em dados

Graças à utilização de IA e análise avançada, a hiperautomação permite que as empresas sejam mais ágeis e aumentem a capacidade de resposta às transformações do mercado por meio de uma tomada de decisões mais informada e estruturada em dados.

  • Escalabilidade

A abordagem também permite que as empresas escalem suas operações sem aumentar significativamente seus custos operacionais. Vale destacar que os processos automatizados podem ser replicados em todos os departamentos, não importa o volume de trabalho, o que é valioso para a aumentar a eficiência e promover o crescimento sustentável da organização.

  • Melhor experiência ao cliente

Outro benefício é a possibilidade de personalizar e resolver de problemas complexos em tempo real por meio de chatbots, assistentes virtuais e automação cognitiva, tecnologias que aprimoram a experiência do cliente e a tornam mais ágil, eficiente e satisfatória. Esse nível de atendimento, ressalte-se, garante respostas rápidas às necessidades e demandas de clientes, contribuindo diretamente para fidelizá-los. 

  • Inovação e agilidade

Ao aprimorar os processos existentes, esse grau de automação tambémimpulsiona a inovação ao integrar um conjunto avançado de tecnologias. As empresas e organizações podem, assim, criar novos modelos de negócios e explorar oportunidades inéditas — além de se adaptar a novos cenários para responder às mudanças de mercados em constante evolução.

  • Compliance

A automação em níveis avançados gera trilhas de dados em tempo real para todos os processos digitais, permitindo um monitoramento contínuo e preciso. Tal característica assegura que as medidas regulatórias e de conformidade estejam sempre em vigor, protegendo a empresa contra riscos e perdas. As equipes e a própria organização obtêm, assim, uma camada extra de segurança e eficiência no cumprimento das normas.

Desafios da hiperautomação

Existem, contudo, alguns desafios que devem ser considerados por empresas ao adotarem tal abordagem, entre os quais é possível citar:

  • Complexidade na implementação

A integração de múltiplas tecnologias e ferramentas na implementação da hiperautomação pode demandar uma reestruturação profunda da infraestrutura de TI da empresa, envolvendo desde a modernização de sistemas até a adoção de novas plataformas. Também é fundamental proporcionar treinamentos especializados e contínuos para garantir que a equipe esteja preparada para gerenciar, monitorar e otimizar os sistemas automatizados, assegurando a eficiência dos processos — além de minimizar interrupções e potencializar o ROI (Return of Investment, ou retorno sobre o investimento) em automação.

  • Cultura organizacional

A implementação de um projeto dessas proporções certamente desencadeará uma transformação significativa na cultura organizacional da empresa. Assim, é de suma importância que os colaboradores compreendam os benefícios que a abordagem proporcionará, como aumento da eficiência e redução de tarefas repetitivas. E, principalmente, como a hiperautomação contribuirá para otimizar funções e potencializar o valor de suas atividades.

  • Segurança e conformidade

A automatização de processos sensíveis requer altos níveis de segurança e de conformidade. Afinal, ao lidar com grandes volumes de dados, a hiperautomação pode aumentar a vulnerabilidade a ataques cibernéticos ou violações no cumprimento de normas e regulamentos. É necessário, portanto, implementar rigorosos controles de segurança e garantir a conformidade por meio de auditorias regulares e monitoramento contínuo dos processos automatizados.

  • Custo inicial de implementação

Mesmo diante de tantas vantagens substanciais do ponto de vista financeiro, os custos iniciais para implementação de um projeto nessas proporções podem representar um obstáculo significativo, especialmente para as empresas de menor porte. Afinal, é necessário realizar investimentos expressivos em tecnologias de ponta, plataformas de automação avançadas e ferramentas específicas, além de contratar profissionais especializados e fornecer treinamento extensivo para a equipe de TI, entre outros aspectos.

Algumas etapas imprescindíveis

A implementação dessa abordagem em uma empresa requer, entre outros fatores, a estruturação de um roteiro e um plano estratégico bem definido. Entre as etapas essenciais, destacam-se:

  • Visualizar (e compreender) processos e fluxos

O primeiro passo dessa etapa envolve a realização de auditorias minuciosas e abrangentes nos processos e fluxos de trabalho da organização. Esse exame detalhado permite mapear, com precisão, os gargalos operacionais, as ineficiências e os pontos críticos que refletem na produtividade. A identificação dessas áreas de melhoria possibilita a priorização de ações que, quando automatizadas, trarão ganhos imediatos — tais como otimização da eficiência, economia de recursos e, principalmente, resultados concretos.

  • Definir KPIs e métricas de ROI

O êxito da implementação da hiperautomação em uma empresa é medido por meio de KPIs (Key Performance Indicators, ou indicadores-chave de desempenho) e métricas de ROI. É necessário, portanto, utilizar parâmetros realistas, além de estabelecer objetivos abrangentes e metas específicas para cada setor da empresa, a fim de monitorar os resultados com eficácia. 

  • Organizar e gerenciar dados

Ao envolver a integração de diversas tecnologias avançadas em uma empresa, a organização dos dados, estruturados ou não, é crucial para conectar e otimizar processos simples e complexos de maneira eficaz e sem sobressaltos — permitindo, assim, uma tomada de decisões informada e precisa. Já o gerenciamento desses dados garante que todas as atualizações necessárias ao sistema sejamrealizadas adequadamente, tornando-os acessíveis nos momentos certos.

  • Fomentar a colaboração entre equipes

Outro fator crucial para uma implementação bem-sucedida é facilitar o compartilhamento de conhecimentos e alinhar todos os setores da empresa aos objetivos da automação. Em outras palavras, isso significa que é necessário romper os silos de informação, definir líderes para as equipes e, principalmente, fomentar a realização de dinâmicas colaborativas periodicamente.

Conclusão

A hiperautomação se tornará cada vez mais integrada e sofisticada à medida que a tecnologia evolui, ampliando sua capacidade de automatizar tanto processos repetitivos quanto os que envolvem análises mais avançadas. A adoção dessa abordagem representa, portanto, uma poderosa vantagem estratégica que proporciona a organizações em todos os setores benefícios inestimáveis como aumento de produtividade, eficiência, redução de custos e escalabilidade, entre outros — preparando-as para lidar com as constantes mudanças em mercados cada vez mais dinâmicos, exigentes e altamente competitivos.